quarta-feira, 27 de dezembro de 2006


O tempo é um conceito.
Costuma-se definir o presente como uma construção de experiências passadas, expectativas futuras e impressões do agora. Por mais simples que seja falar em "daqui a cinco minutos" ou "no ano em que eu nasci", é necessário um grande esforço reflexivo para medir a nossa complexa noção de tempo.
O tempo racionaliza a nossa realidade e, à medida que o tempo nos ultrapassa, entendemos melhor aquilo que nos passou. Podemos pensar o tempo como uma ferramenta, e a educação neste sentido, como forma de poder e libertação. Observar a história situa-nos no momento atual, apresenta-nos os processos dos quais fazemos parte, mas, tantas vezes!, não escolhemos ou, sequer, notamos.
No mundo contemporâneo, o tempo torna-se um luxo. Não há tempo para se perder. O dia se repete, como outros, e tudo é agora.
Gosto de pensar em um tempo incontrolável, mas também irrelevante. Esse tempo passa-nos, somos muito menores do que ele! O instante faz-nos parvos e nós parvoneamos com nossos relógios em pulso. Somos nós que dimensionamos o tempo, correndo ou atrasando-nos, em vã sensação de controle.
Possuimos concepções escalares de tempo. Conceitos nossos. Minutos, séculos, horas. Calendários e cronômetros que nos iludem. Tentamos dar sentido a um tempo que não há. Ocupamo-nos em ocupá-lo de um sentido intrinseco que não tem... uma medida que, de fato, não existe!
O tempo é real. É também uma convenção. O tempo nos é alheio, livre.

d-.-b The Pixies - Ana