quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Todo mundo conhece uma menina que coleciona caixinhas.
Pelo menos, todos conhecem meninas que abrem seus presentes delicadamente para não estragar o papel, lembrar o momento, guardar com carinho... e guardam mesmo.
Em toda santa feira hippie - na orla da praia, na praça da república, aos sábados na Benedito Calixto - encontra-se a barraca coberta por nada além de caixas! Existem lojas especializadas e hoje em dia qualquer papelaria de bairro tem sua própria "seção".
E por que nós as compramos?
Porque elas estão vazias!

Nós, meninas, adoramos encaixotar o mundo.
As caixinhas, preenchidas por esse nada, representam vasta gama de possibilidades - até mesmo a ousada e deliciosa opção de manter tudo como está.Caixa fechada. Caixa vazia.
Adoramos proteger nosso perfume favorito dentro do embrulho original, separar nossos brincos em compactações individuais, manter nossos lápis aquareláveis confortavelmente na embalagem Faber-Castell.
Uma vez conheci uma gaja aí que guardava suas roupas nas caixas das lojas onde foram compradas.

Trabalho demais, né?
Pois é... ela diz que prefere.

Mas a teoria das caixas não é privilégio das "menininhas" delicadas, pois as pragmáticas também têm das suas.
E sistematicamente organizamos nossos papeis, nossos caderninhos de telefone, nossas mp3s... Separamos nossos e.mails em pastas, catalogamos nossas (des)preferências em listas de 5 ou 10 items, qualificamos nossos amigos no orkut e padronizamos nossa comunicação.
Um pouco de bagunça vai bem, não existe progresso sem desordem!, mas mesmo a mais tomboy das criaturas tem sua maneirinha peculiar de acolher o cotidiano e "encaixotar" alguma coisa.
Meninos, é uterino.


d-.-b - Luscious Jackson